sábado

Solitário

Faz frio e a pouca luz não permite um olhar mais profundo, imaginação e medo jogam seu feitiço no ar, lá fora uma única centelha de luz dança ao som do vento forte.

O corpo quase imóvel no chão do quarto, pupilas dilatadas e pálpebras fixas, a única evidência de vida é o movimento mínimo do tórax. Respiração leve. O quarto cheira a mofo.


Observado e observador confundem-se, alternam papéis, são juiz, jurado e réu. Uma espécie de transe mantém seu pensamento entre as ocultas estrelas e o teto de seu quarto.


A direita um rádio sem vida, celular desligado, alguns rabiscos. As paredes são de tijolo, sem reboco, acabamento ou pintura. A esquerda um guarda-roupas velho, caixas de sapatos e sapatos.


Como decoração apenas um quadro de Chaplin com seu chapéu coco e bengala, uma estrada ao fundo. Nenhum abajur, nenhuma janela.


No interior escuro de sua alma um homem sonha com a liberdade.

Nenhum comentário: