segunda-feira

Breve Analise Sobre o Vazio

Difícil falar do vazio sem se perder em palavras também vazias. Muito contraditório quando se trata do nosso e um tanto forçado quando é o vazio alheio. Talvez esse seja o maior problema do dito cujo, o fato de ser muito volúvel, de conseguir ser particular e ao mesmo tempo universal. Mas que fique a observação: o seu oposto também possui essa característica, seria exigir demais do pobre vazio esperar que ele seja único. Vazio não é sentimento, é falta, fica oscilando entre vários estados de modo que nem do seu tamanho podemos ter certeza.
Surpreende a sua capacidade de emergir em nós, de surgir do nada. E que se abra um parêntese, ele não surge do nada, estava ali escondido e quase invisível, tão pequeno que nos esquecemos de sua existência. Difícil é definir porque ele ressurge, há dias tão cheios de sentimento que ele não teria porque se manifestar e de repente como se fosse uma necessidade nossa lá esta ele dando o ar de sua graça, tocando o sinal como quem avisa que acabou o recreio.
Isso feito começa tudo outra vez, a intensidade depende muito do caso, da pessoa e da fase, mas começamos a mergulhar naquela sensação tão familiar e temida. Ansiedade e insegurança voltam a figurar em nossa vida. Nada agrada, nada é bom o suficiente, tudo é nada. E de repente, num passe de mágica trocamos uma vida alegre por uma aparentemente contente. Motivo? Fácil essa. Falta algo, agora não me pergunte o que.
Estamos amando muito, bem financeiramente, temos amigos lindos, os estudos vão bem e a família torta como sempre – tem coisas que nunca mudam. Em suma: temos tudo pra sermos felizes e de fato somos, uns dias mais outros nem tanto, contudo não há o que negar, atravessamos com alegria nossos dias. Isso pode parecer otimista demais, acontece que não é. Não conheço muito de pessoas, tenho uma grande impressão de que lá dentro, no fundo do peito e do crânio somos todos iguaiszinhos, mas como não vai faltar gente para declarar guerra e dizer que não posso saber e em conseqüência disso entender o que acontece dentro do outro me limitarei agora a falar de mim ou usar-me como parâmetro para fundamentar minhas palavras. Não se exaltem e guardem as armas.
Nunca conheci ninguém que admita que sente o mesmo que a pessoa ao lado. “Comigo é diferente”, “não é bem assim, você não sabe o que vivi”, com variações infinitas é isso que escutamos e dizemos o tempo todo quando falamos de nós e de nossos sentimentos. Acontece que sentimento é lindo, deixa as pessoas felizes e tudo ganha uma cor que não tinha. Porém antes que argumentem: “Mas as pessoas sofrem por amor”. Digo que essa é uma afirmação - sendo bondoso- cômica, as pessoas sofrem por falta de amor, por não ter quem querem, ficando perdidas de novo no nosso velho amigo. Algumas vezes tem a necessidade de exibir sua dor por ter um motivo considerável para seu vazio e então perdem um pouco do constrangimento.
Se sentimento que é algo tão sublime causa espanto, imaginem se o vazio que é cercado de fantasias, individualidade, intimidade e tudo o que é mais sagrado em nossa mágica sociedade moderna não nos faria bater os joelhos e os dentes. Quem em sã consciência admitiria para o mundo, tão perfeito e feliz, que se sente vazio e nem sequer conhece o motivo? Às vezes desconfiamos de muita coisa e começamos a inventar motivos para essa maldita falta de algo indefinível e por isso intocável. Uma sensação que incomoda e dói. 
No fundo ainda creio que o desconhecido é que move a mundo. Tudo que é misterioso é lindo, dá medo e por isso estabelece os limites. Quanto menos respeitamos esses limites mais avançamos, mais crescemos e mais nos distanciamos do que nos cerca. Chego assim a um pensamento quase filosófico: O desconhecido é a causa primeira do novo. 
O que temos até então? Várias certezas e uma incógnita: o que haverá com o vazio que sempre que a gente pensa é estranho? 
E eu vos digo cidadão dos prédios, homens das metrópoles, e eu digo a mim: o vazio é o espaço que fica desocupado quando crescemos, enquanto tentamos abraçar o mundo e gozá-lo em sua totalidade deixamos um lugarzinho quente e carente dentro de nós abandonado. É fato, dificilmente veremos uma criança com uma sensação dessas, não por elas serem boas de pique - esconde, mas porque quando algo as incomoda normalmente deixam transparecer e logo conseguimos perceber suas ânsias, medos e faltas. Suas necessidades vão sendo sanadas até ficarem como nós. Somos como crianças sem sensibilidade.
Deve ser sintoma da idade percebermos o externo melhor que o interno, quando devia ser o contrario. Olha que já fomos bons nisso! E meio que perdidos, procurando as cegas uma razão, descobrimos algo que faz o vazio fugir ou se esconder, para sapeca como sempre reaparecer no futuro. 
Enfim, chego a conclusão que o vazio é um grito inconsciente que damos, quando o coração ou o cérebro tem necessidade de algo mais ou algo novo, quando já cansamos de nos alimentar das mesmas coisas todos os dias e precisamos saborear algo diferente. Podemos não gostar, quebrar a cara ou expor nossas feridas? Sim! Mas como andei lendo por ai, é o vazio dos vasos que recebe as flores.

4 comentários:

Unknown disse...

ainda acho q o vazio dói. =x auhuhauh bjoo da golfinhaa

Anônimo disse...

nao acredito que consegui ler tudo hehe, mas vou ler novamente. Pois algumas partes ficaram confusas p mim...
e gostei, vocabulario ta bom heim? rs

beijo e continue com os textos. voce escreve de uma forma que me agrada (nao sei se conta). ^ ^

Anna Paula Back
twitter.com/anna_pe

Anônimo disse...

ah, esqueci de dizer que as "Joaninhas em Babylon" ainda é meu favorito.


Anna Paula Back

Felipe "Tito" Belão disse...

O vazio realmente é pura vontade. O vazio pode nos mover ou puxar para baixo. É uma espécie de energia potencial que todos carregamos por saber tão pouco de nós mesmos.

belo texto.